Cães, chimpanzés, gatos, humanos… a verdade é que seja qual for a espécie de mamíferos, as fêmeas tendem a viver mais comparativamente aos machos. Mas, por que motivo?
Um grupo de investigadores australianos afirma ter decifrado finalmente o mistério: não se trata do género, mas sim dos cromossomas.
Segundo um estudo publicado, quarta-feira, dia 11 de Março, pela revista científica Biology Letters, e divulgado pela BBC News, ter duas cópias do mesmo cromossoma está associado a uma vida útil mais longa, sugerindo que a segunda cópia proporciona um tipo de efeito protector.
Todas as células contêm cromossomas que carregam longos fragmentos de ADN. Na maioria das espécies, os machos têm um cromossoma sexual menor que as fêmeas: os machos têm um cromossoma X e um cromossoma Y, enquanto as fêmeas têm dois X.
“O sexo com o menor cromossoma realmente tende a morrer antes, numa ampla gama de espécies”, explica Zoe Xirocostas, coautora do estudo e investigadora da Universidade de New South Wales, na Austrália.
Em aves, os machos vivem em média mais tempo, mas isso ocorre porque têm dois cromossomas Z, enquanto as fêmeas têm um cromossoma Z e um W.
Superioridade massiva
De acordo com informações divulgadas pela BBC, as mulheres vivem mais que os homens em todos os países do mundo.
Segundo dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Abril do ano passado, as mulheres vivem pelo menos 1,4 anos a mais que os homens, embora existam regiões em que essa diferença supere três anos.
Em alguns países da América do Sul, essa disparidade é ainda mais flagrante. No México, por exemplo, a expectativa de vida de um homem ao nascer é de 74 anos, enquanto as mulheres podem viver 79,2. No Brasil, a diferença repete-se.
Uma cópia de segurança
Os seres humanos têm 23 pares de cromossomas. O par 23 é conhecido como cromossoma sexual porque é ele que determina o sexo.
Mas se uma mulher herda um gene anormal no cromossoma X de um dos pais, ela tem uma ‘cópia de segurança’.
“Se possui uma cópia funcional de um gene, o seu corpo utiliza-a automaticamente, cancelando a que não funciona”, diz Xirocostas.
Por outro lado, os homens não têm essa mesma ‘cópia de segurança’.
Portanto, se os homens herdarem um gene anormal no cromossoma sexual, estarão mais expostos a doenças genéticas que podem afectar a sua expectativa de vida.